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Aprenderemos?
O cuidado e a proteção necessários.
Walter Andrade Parreira
Se, de um lado,
precisamos preservar a Amazônia física e
biológica, celeiro das maiores riquezas e
alimentos, a maior biodiversidade da Terra, a
maior reserva de água, de floresta e de vida do
nosso planeta, precisamos, por outro lado,
cuidar da Amazônia humana, por ela abrigar a
experiência de povos que são as maiores
referências, reservas e exemplos de vida em
fraternidade, partilha e solidariedade.
Os territórios indígenas não podem ser
invadidos, os povos indígenas não podem
desaparecer. A nossa comunidade cristã primitiva
precisa sobreviver. Preservar o índio é
preservar a floresta, porque ele quem cuida dela
e a protege. Preservar a floresta é preservar o
índio, ele necessita de grandes extensões de
terra para sobreviver, ele só sabe a caça e a
pesca.
E há olhares gananciosos mirando suas terras.
Elas são férteis, têm minérios, árvores
centenárias, animais cobiçados. Os seus rios são
fartos, suas águas pródigas e generosas. E os
olhares cobiçosos e vorazes, os olhares
não-índios, não sabem e não conseguem entender –
como sabem e entendem aqueles que há milhares de
anos cuidam delas – que a terra é sagrada, que o
rio é sagrado, que os animas são sagrados... que
a vida é sagrada. Eles não sabem. Eles não sabem
que a terra não é um objeto a ser expropriado e
sugado, eles não sabem que ela é um ser vivo,
que ela é a Terra/Mãe. E, assim, não são capazes
do cuidado e do respeito; arrancam, derrubam,
agridem, depredam, violentam a terra, os rios,
os seres. Eles matam... não sabem que estão
matando a si próprios.
Há riquezas materiais na mira deles e eles não
podem destruir o manancial humano e espiritual
que ali habita. A espiritualidade da Amazônia
não pode se perder, ela precisa crescer e
florescer cada vez mais... com a floresta e com
os seus guardiões.
Mas a Amazônia não é só uma terra distante. A
Amazônia também é aqui, está na nossa casa, no
nosso jardim, na nossa cidade, nos rios e matas
que nos envolvem.
E ela também está dentro de nós; temos que
cuidar dos nossos rios interiores, da nossa mata
interior, do nosso ser. Se não soubermos cuidar
do nosso templo interior, do Ser em nós, nunca
saberemos cuidar também da “Amazônia”.
Cuidemos das terras e dos rios, cuidemos dos
nossos irmãos índios e dos não-índios, cuidemos
da nossa cidade e da Amazônia, cuidemos de nós,
cuidemos da Vida.
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os Direitos Reservados © Walter
Andrade Parreira
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